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QUALIDADE AMBIENTAL - REGIÃO HIDROGRÁFICA DO
GUAÍBA
QUALIDADE DAS ÁGUAS DA BACIA HIDROGRAFICA DO RIO
DAS ANTAS E RIO TAQUARI
HISTÓRICO
Os dados de qualidade das águas utilizados neste trabalho foram gerados pela
Rede de Monitoramento da Fepam, em operação trimestral desde
1993.
Posteriormente, em 2001, teve início a Rede Integrada do Pró-Guaíba,
também com a participação da Fepam, Corsan e Dmae, mas neste
trabalho são utilizados apenas os dados gerados pela Fepam na Rede Pró-Guaíba
As coletas e análises são realizadas pelo Departamento de Laboratório
da FEPAM, e os dados são armazenados e interpretados pelo Departamento de
Qualidade da FEPAM. Para interpretação dos dados foram utilizadas
duas metodologias:
- comparação com a Resolução nº 357 / 05 do CONAMA;
- I Q A – Índice de Qualidade da Água.
DESCRIÇÃO DA ÁREA
A bacia hidrográfica do sistema Taquari-Antas situa-se na região nordeste
do estado do Rio Grande do Sul, abrangendo uma área de 26.428 km2, equivalente
a 9% do território estadual, e 98 municípios, inseridos total ou parcialmente.
Limita-se ao norte com a bacia do rio Pelotas, a oeste e ao sul com a bacia do rio
Jacuí e a leste com as bacias dos rios Caí e Sinos. Trata-se do principal
afluente do rio Jacuí, maior formador do Guaíba.
O rio Taquari nasce no extremo leste do Planalto dos Campos Gerais, com a denominação
de rio das Antas, até a confluência com o rio Carreiro, nas imediações
do município de São Valentim do Sul. A partir daí passa a denominar-se
Taquari, desembocando no rio Jacuí, junto à cidade de Triunfo. Seus
principais afluentes pela margem esquerda são os rios Camisas, Tainhas e
Lajeado Grande e São Marcos, e pela margem direita, os rios Quebra-Dentes,
da Prata, Carreiro, Guaporé, Forqueta e Taquari-Mirim.
Devido à sua magnitude, esta bacia possui características físicas
e antrópicas diferenciadas: áreas de alto índice de industrialização,
áreas com predomínio de produção primária, zonas
intensamente urbanizadas e riscos de ocorrência de enchentes, entre
outras. Uma das regiões mais desenvolvidas do Estado, o Aglomerado Urbano
do Nordeste, encontra-se nesta bacia hidrográfica.
Os municípios integrantes desta bacia concentram 20% do PIB estadual, caracterizando-se
por possuírem a base econômica voltada para um setor industrial em
crescimento. Por outro lado, o Índice de Desenvolvimento Social apresentou
um valor inferior à média do Estado: 0,67 contra 0, 74.
Representando cerca de 16% da população estadual, os municípios
integrantes da bacia do Taquari-Antas caracterizam-se por um elevado grau de urbanização,
por uma densidade demográfica de 40 hab/km2 e por uma taxa de crescimento
populacional próxima à média do Estado.
O rio Taquari-Antas tem suas nascentes nos municípios de Cambará do
Sul, Bom Jesus e São José dos Ausentes, numa região de baixa
densidade populacional, onde predomina a criação extensiva de gado.
Esta paisagem começa a se transformar na altura de Antônio Prado, onde
predomina a pequena propriedade com utilização intensiva, já
com densidades mais elevadas. O trecho mais significativo em termos de uso e ocupação
do solo está compreendido entre os municípios de Antônio Prado
e Veranópolis, concentrando 50% da população e 57% das indústrias
da bacia. Quanto ao uso agrícola, destacam-se em área cultivada as
bacias de drenagem dos rios Carreiro, Forqueta e das Antas, predominando as culturas
de milho e soja. Além destas culturas, o arroz também é cultivado
nas partes mais planas, ao sul da bacia.
A área ocupada por uma ampla variedade de cultivos agrícolas
é maior do que um milhão de hectares, gerando problemas relativos
à utilização de agrotóxicos e adubos químicos,
aos processos erosivos, com conseqüente aumento da turbidez, e ao assoreamento.
A análise dos solos da bacia demonstra fortes limitações quanto
aos aspectos pedológicos para o desenvolvimento da agricultura de forma mais
intensa, tais como restrições quanto à fertilidade e às
variações na profundidade do perfil, limitações ligadas
ao relevo ou à drenagem e alto risco de erosão.
Em 1993, haviam 8.123 indústrias na bacia do Taquari-Antas, destacando-se
os ramos de vestuário e artefatos de tecidos, metalúrgica, madeira,
produtos alimentares, mobiliário, calçados e minerais não metálicos.
Conjugando parâmetros climáticos e geomorfológicos, pode-se
dividir esta bacia hidrográfica em três sub-áreas: Depressão
Central, com temperaturas mais elevadas (subtropical); Campos de Cima da Serra,
com temperaturas mais baixas (temperado); Encosta e Serra do Nordeste, onde ocorre
a transição entre os climas subtropical e temperado.
Quanto à vegetação, a bacia do rio Taquari-Antas apresenta
quatro regiões fitoecológicas associadas à Mata Atlântica
e consideradas como zona de transição: Savana, Floresta Ombrófila
Mista, Floresta Estacional Decidual e Áreas de Tensão Ecológica.
Ainda podem ser observados diversos ambientes onde a vegetação natural
encontra-se em satisfatório nível de preservação, localizados
nas encostas íngremes dos vales, de difícil acesso e impróprios
a práticas agrícolas. Os locais mais preservados acham-se representados
por dez unidades de conservação correspondentes a 16.000 ha, sendo
a mais importante a do Parque Nacional dos Aparados da Serra, no município
de Cambará do Sul.
Hidrologicamente, pode ser caracterizada por regimes torrenciais, de escoamentos
superficiais rápidos e bruscas variações de descargas, por
apresentar declividade média elevada, rede de drenagem densa com tendência
radial, pouca cobertura vegetal, pouca profundidade e baixa permeabilidade dos solos.
A vazão média do rio Taquari, medida em Muçum, durante o período
de 1940 a 1982, foi de 321 m3/s. As descargas máximas observadas atingiram
valores na ordem de 10.300 m3/s, enquanto as mínimas estiveram entre 10 e
20 m3/s.
As grandes flutuações de vazão são subseqüentes
à ocorrência de chuvas contínuas, distribuídas em áreas
extensas da bacia, concentrando rapidamente grandes volumes de água, que
se propagam com velocidade rio abaixo. Durante as cheias de setembro de 1967, por
exemplo, os picos de enchentes em dois postos distantes 380 Km um do outro, ocorreram
com intervalo inferior a 24 horas.
O efeito de remanso provocado pela elevação do nível do rio
Jacuí a partir do delta para montante agrava os problemas de cheias
nas áreas de baixa declividade, ocasionando prejuízos consideráveis
à agricultura e ao sistema viário. A zona urbana dos municípios
do baixo Taquari, especialmente Lajeado e Estrela, foi inundada em cinco ocasiões
nos últimos dez anos, acarretando enormes prejuízos à economia
e à infra-estrutura urbana dessas cidades.
De acordo com as características geomorfológicas e hidrológicas,
a bacia do Taquari-Antas pode ser dividida em três trechos distintos:
- O primeiro trecho está compreendido entre as nascentes e a foz do rio Quebra-Dentes,
corre na direção leste-oeste, perfaz 183 Km de extensão, com
uma declividade média de 4,8 m/km, caracterizando-se por possuir declividade
acentuada, com rios encaixados e muitas corredeiras.
- O segundo trecho, compreendido entre a foz do rio Quebra-Dentes e a foz do rio Guaporé,
tem a direção predominante nordeste-sudoeste, com uma extensão
de 207 km e uma declividade média de 1,6 m/km, caracterizando-se por uma
declividade menos acentuada, mas ainda apresentando vales encaixados e algumas corredeiras.
- O último trecho, já com denominação de Taquari, começa
na foz do rio Guaporé e termina na confluência com o rio Jacuí,
seguindo a direção predominante norte-sul e apresentando uma extensão
de 140 Km e uma declividade média de 0,2 m/Km. Caracteriza-se como um rio
de planície, com pouca declividade e raras corredeiras.
Usos da água
Em relação aos usos da água, destacam-se o abastecimento público,
o abastecimento industrial, a irrigação, a dessedentação
de animais, a navegação comercial, a recreação, a pesca
comercial e a geração de energia elétrica. Os principais usos
consuntivos são os seguintes, por ordem de importância: irrigação,
concentrada no primeiro trimestre do ano, abastecimento público doméstico
a partir de águas superficiais e subterrâneas e dessedentação
de animais.
Abastecimento doméstico
É realizado predominantemente pela CORSAN, com captações em
águas superficiais e subterrâneas, atendendo uma população
de cerca de 750.000 pessoas em 62 municípios, em 1996. O município
de Caxias do Sul possui sistema independente de responsabilidade do SAMAE, autarquia
municipal que atende cerca de 95% da população urbana. Nos demais
municípios, a água é obtida de aqüíferos, sendo
os poços operados pelas municipalidades.
Nesta bacia encontram-se 11 pontos de captação de água superficial
para abastecimento público, sendo 2 no rio Taquari e os demais distribuídos
em arroios e barragens.
Abastecimento Industrial
As águas dos recursos hídricos da bacia são utilizadas por
indústrias da região para refrigeração, lavagem, enxaguadura
e, em alguns casos, para beneficiamento de alguns produtos.
Diluição de Efluentes
Os rios e arroios da bacia servem como corpo receptor e via de transporte de efluentes
das mais variadas origens. Dentre estes, incluem-se os despejos domésticos,
na grande maioria dos casos sem tratamento, os despejos industriais, as águas
pluviais de drenagem urbana, as lixívias de depósitos de resíduos
sólidos e as águas de drenagem rural, incluindo lavouras, plantios
diversos e criação de animais.
Destaca-se nesse contexto a carga orgânica gerada por parte da cidade de Caxias
do Sul, município com a maior população urbana na bacia.
As indústrias que mais contribuem com carga orgânica estão situadas
nos municípios de Cambará do Sul, Bento Gonçalves, Marau, Veranópolis
e Garibaldi, e as que mais contribuem com carga inorgânica, nos municípios
de Farroupilha, Encantado, Caxias do Sul e Bento Gonçalves. No município
de Cambará do Sul é importante salientar a influência da contribuição
da fábrica Celulose Cambará.
Em 1996, apenas 16 municípios estavam com processos de licenciamento para
sistemas de disposição final de resíduos sólidos na
FEPAM. Quando o lixo não é coletado, queimado ou enterrado, é
jogado em terreno baixo ou diretamente em cursos d’água, comprometendo
seriamente sua qualidade.
A tabela 1 apresenta as cargas orgânicas (DBO) e as cargas inorgânicas
(DQO), especificando as respectivas origens (domésticas ou industriais),
bem como a carga metálica (cromo, ferro total e níquel) e a carga
de cromo, segundo FEPAM/GTZ-1997.
A Carga Bruta representa a carga poluidora potencial, sem considerar a existência
de qualquer sistema de tratamento de efluentes. A Carga Remanescente apresenta os
valores de carga poluidora que efetivamente são lançadas nos corpos
hídricos após passarem pelos sistemas de tratamento de efluentes em
operação nas indústrias. Estes dados de Cargas Remanescentes
foram obtidos junto ao Sistema de Automonitoramento - SISAUTO, do Serviço
de Diagnóstico e Avaliação da Poluição Industrial
(SEDAPI - FEPAM) utilizando laudos de análises químicas dos efluentes
das indústrias.
Parâmetro
|
Carga Bruta
|
Carga Remanescente
|
% de redução
|
DBO industrial
|
19.565
|
6.220
|
68 %
|
DBO doméstica
|
16.659
|
-
|
-
|
DQO industrial
|
46.466
|
16.207
|
65 %
|
DQO doméstica
|
49.976
|
-
|
-
|
Carga metálica
|
124,63
|
26,07
|
79 %
|
Cromo
|
92,9432
|
11,1503
|
88 %
|
Tabela 1 - Carga drenada para a bacia do Taquari-Antas (FEPAM/GTZ, 1997)
(Unidade : ton / ano)
As tabelas 2 e 3 representam as cargas poluidoras geradas pelos municípios
de Caxias do Sul e Farroupilha. Como estes dois municípios estão em
um divisor de águas, apenas uma parte da carga é lançada na
bacia do Taquari-Antas, enquanto outra parte é lançada na bacia do
rio Caí.
Parâmetro
|
Carga Bruta
|
Carga Remanescente
|
DBO industrial
|
2.720
|
929
|
DBO doméstica
|
6.419
|
-
|
DQO industrial
|
6.119
|
2.344
|
DQO doméstica
|
19.258
|
-
|
Carga metálica
|
84,31
|
32,15
|
Cromo
|
37,8757
|
13,7663
|
Tabela 2 - Carga gerada no município de Caxias do Sul (FEPAM/GTZ, 1997)
(Unidade : ton / ano)
Parâmetro
|
Carga Bruta
|
Carga Remanescente
|
DBO industrial
|
566
|
80
|
DBO doméstica
|
1.041
|
-
|
DQO industrial
|
1.236
|
289
|
DQO doméstica
|
3.123
|
-
|
Carga metálica
|
8,06
|
3,42
|
Cromo
|
2,3423
|
1,2060
|
Tabela 3 - Carga gerada no município de Farroupilha (FEPAM/GTZ, 1997)
(Unidade: ton / ano)
Recreação e Turismo
Esta bacia desempenha um papel importante relacionado ao turismo, tanto do ponto
de vista contemplativo, como para o desenvolvimento de práticas esportivas.
Vários pontos dos rios são usados como balneários, para a prática
de canoagem e áreas de camping. Os rios mais utilizados são os da
Prata, Santa Rita, das Antas e Taquari.
Pesca Comercial
É importante salientar a existência de pesca comercial no rio Taquari,
a partir da cidade de mesmo nome até sua foz.
Produção de Energia
O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros com maior carência
de energia elétrica, apesar de possuir um grande potencial ainda não
utilizado, principalmente nas bacias do Uruguai e Taquari-Antas. A Companhia Estadual
de Energia Elétrica (CEEE) desenvolveu estudos para inventariar os potenciais
hídricos passíveis de aproveitamento para geração de
energia elétrica na bacia do Taquari-Antas, identificando 57 aproveitamentos
de pequeno porte, mais adequados as suas características geomorfológicas,
pedológicas e hidrológicas.
Irrigação
A irrigação é realizada com mais intensidade nas regiões
de várzeas existentes ao longo do baixo Antas, a partir de Muçum,
e do Taquari, destinada ao cultivo de arroz e hortigranjeiro.
Dessedentação de animais
A pecuária desenvolvida na região está relacionada aos rebanhos
bovinos e à criação de aves. A população calculada
em equivalentes bovinos é de 958.749 animais, com um consumo médio
de 0,58 m3/s durante todo ano.
Navegação
A navegação comercial é desenvolvida com intensidade desde
Muçum até a foz do Taquari, em uma extensão de 148 km, havendo
três portos públicos neste trecho: Taquari, Mariante e Estrela. Entre
estes terminais portuários destaca-se o de Estrela, pelo volume de carga
movimentado e área de influência. Os principais produtos movimentados
são grãos e farelos, adubo, carvão, óleos vegetais,
areias e seixos rolados para construção civil, havendo intenso intercâmbio
com o porto de Rio Grande, tanto para exportação, quanto para importação
inter-regional.
Através do represamento da barragem de Bom Retiro do Sul, é assegurado
o calado de 2,5 m até o entroncamento de Estrela. O “Plano Hidroviário
do Estado” prevê a garantia deste calado até Muçum, através
da construção de mais duas barragens, uma em Arroio do Meio e outra
em Roca Sales.
Outros Usos
Os cursos d’água da bacia servem ainda a outros usos, tais como a preservação
ou conservação do equilíbrio das comunidades aquáticas,
também relacionado com a pesca comercial e esportiva, e a harmonia paisagística,
pelo embelezamento cênico proporcionado pela presença dos corpos d’água
como elementos integrantes da paisagem, ressaltando-se a existência de inúmeras
cachoeiras.
METODOLOGIA
Para interpretação dos dados foram utilizadas duas metodologias:
- comparação com a Resolução nº 357 / 05
do CONAMA;
- I Q A – Índice de Qualidade da Água.
Para interpretação dos dados comparando com a Resolução
nº 357 / 05 do CONAMA, foram utilizados os parâmetros oxigênio
dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e coliformes
termotolerantes, com representações gráficas das concentrações
médias anuais, e gráficos das freqüências das Classes do
Conama, para estes parâmetros em cada local de amostragem ao longo do período
monitorado.
Serão utilizados também gráficos dos metais pesados as respectivas
freqüências das Classes do Conama.
O Índice de Qualidade da Água – IQA utilizado
é uma adaptação do IQA desenvolvido pela NSF – National
Sanitation Foundation. São apresentados gráficos das médias
anuais de IQA para cada local monitorado. A adaptação do IQA foi realizada
por técnicos da Fepam, Corsan e Dmae quando da implantação
da Rede Integrada de Monitoramento do Rio dos Sinos (1990-1996), através
do Comitesinos.
LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM
A Rede de Monitoramento do rio Taquari-Antas tem freqüência trimestral.
RIO TAQUARI / RIO das ANTAS
|
CÓDIGO
|
COORDENADAS
|
LOCALIZAÇÃO
|
TA 004
|
S 29° 55’ 45,2”
W 51° 43’ 50,4”
|
Foz do Taquari, Triunfo
|
TA 077
|
S 29° 30’ 41,9”
W 51° 58’ 47,5”
|
Jusante Estrela/Lajeado
|
TA 133
|
S 29° 13’ 35,1”
W 51° 51’ 06,4”
|
Encantado
|
TA 196
|
S 29° 05’ 18,8”
W 51° 38’ 17,0”
|
Foz do arroio Pedrinho, Bento Gonçalves/Cotiporã
|
TA 265
|
S 29° 03’ 27,1”
W 51° 23’ 45,2”
|
Jusante foz dos arroios Tega e Biazus
|
TA 275
|
S 29° 00’ 45,2”
W 51° 22’ 00,5”
|
Balsa N.Roma / N.Pádua
|
TA 451
|
S 28° 48’ 03,3”
W 50° 25’ 47,5”
|
Ponte para Bom Jesus
|
TA 491
|
S 28° 47’ 00,9”
W 49° 58’ 54,9”
|
Nascentes, São José dos Ausentes
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Quadro 1 – Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas do Rio
das Antas e Rio Taquari – RS
QUALIDADE DAS ÁGUAS
IQA – ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
O IQA adotado utiliza as seguintes faixas de qualidade:
NOTA
|
CONCEITO
|
0 a 25
|
Muito Ruim
|
26 a 50
|
Ruim
|
51 a 70
|
Regular
|
71 a 90
|
Boa
|
91 a 100
|
Excelente
|
Tabela 1 ? Faixas do Índice de Qualidade das Águas ? IQA, adotado pelo NSF-National
Sanitation Foundation.
O trecho superior do rio das Antas, das nascentes até Bom Jesus, apresenta
qualidade nas faixas “Regular” e “Boa”.
O trecho médio do rio das Antas, de Nova Roma até jusante da foz do
arroio Pedrinho, situa-se nas faixas “Regular” e “Boa”.
O trecho inferior, denominado de rio Taquari, de Encantado até a foz, possui
qualidade na faixa “Regular”, alcançando eventualmente a faixa
“Boa” nestes locais.

Figura 1 – Índices de Qualidade das Águas - IQA, valores
anuais dos locais de monitoramento do Rio das Antas e do Rio Taquari - RS.
Concentrações de Oxigênio Dissolvido
O rio das Antas e o Rio Taquari apresentam boas condições de oxigenação,
com predominância da Classe 1.
As medias anuais no rio das Antas variam de 7,0 a 9,0 mg/L, superiores as médias
encontradas no rio Taquari, onde no trecho final as médias são em
torno de 6,0 e 7,0 mg/L.
O rio das Antas é um rio de leito rochoso, com muitas corredeiras e águas
frias, e sem grandes cidades próximas de suas margens, fatores estes que
favorecem a oxigenação e depuração das águas.
Devido à estiagem de 2006, os resultados parciais das concentrações
médias estão mais baixos que as demais.
Nota-se também nos últimos anos uma queda nas concentrações
médias de oxigênio no trecho superior do rio das Antas, compreendido
entre São José dos Ausentes e Nova Roma.

Figura 2- Freqüências das Classes de Oxigênio dissolvido.

Figura 3 – Concentrações médias anuais de Oxigênio
Dissolvido.
Concentrações de DBO
O Gráfico indica que as concentrações de matéria orgânica
no rio das Antas e no rio Taquari estão predominantemente na Classe 1 do
CONAMA.
O trecho correspondente ao rio Taquari apresenta médias anuais mais elevadas
do que o rio das Antas, mas ainda dentro do limite da Classe 1, exceto em alguns
anos de forte estiagem.
As boas condições de oxigenação (vide item Concentrações
de Oxigênio Dissolvido) favorecem a depuração da matéria
orgânica, especialmente no rio das Antas, porém o rio Taquari tem menor
velocidade e menos corredeiras.
Figura 4 – Freqüências das Classes de DBO.

Figura 5 - Concentrações médias anuais de DBO.
Concentrações de coliformes termotolerantes
O trecho superior (São José dos Ausentes e Bom Jesus) vem apresentando
concentrações médias anuais em torno de 1.000 nmp/100mL.
No rio Taquari, os locais de amostragem de Santa Teresa, Encantado, Roca Sales,
Lajeado e Estrela também apresentam resultados nas Classes3 e 4, pois as
cidades citadas estão localizadas próximas das margens do rio Taquari.
No Trecho do rio Taquari as médias anuais são mais elevadas, mas nos
últimos anos tem se mantidos inferiores a 4.000 nmp/100 ml. Estas médias
mais elevadas se devem a presença das cidades próximas das margens.
O rio das Antas, devido a sua topografia onde as margens são de grande declividade,
não apresenta cidades próximas de suas margens.
As concentrações de coliformes fecais encontradas no rio das Antas
e no rio Taquari são bem inferiores às concentrações
encontradas nos rios Gravataí e Sinos, localizados na região metropolitana
de Porto Alegre.

Figura 6 - Freqüências das Classes de coliformes termotolerantes.

Figura 7 - Concentrações médias anuais de coliformes termotolerantes.
Concentrações de metais pesados
A atual Resolução CONAMA nº 357 / 05, publicada em 18/03/2005,
revoga a Resolução CONAMA nº 20/86, e nesta nova legislação
os padrões de chumbo, cobre e cromo total estão agora bem mais restritivos.
Os metais cádmio, chumbo e cobre apresentam agora concentrações
fora dos limites estabelecidos na atual legislação.
Estes valores acima da Classe estão tanto no trecho superior (rio das Antas
desde as nascentes) como no trecho inferior (rio Taquari), o que pode indicar característica
da geologia local onde predomina o basalto, mas no trecho inferior deve ser pesquisada
a uma possível origem industrial em metalúrgicas da região
serrana.
O chumbo é detectado desde as nascentes, e também deve ser pesquisada
a possibilidade de origem industrial, mas não descartando a característica
geológica.
Analisando o Gráfico 9 verificamos que as concentrações de
cobre, a partir da foz do rio Tega ainda ultrapassam o limite de Classe 3. O mesmo
acontece com o chumbo a partir de Estrela/Lajeado.

Figura 8 – Percentual de análises acima das Classes 1 e 2 do CONAMA.

Figura 9 - Percentual de análises acima da Classe 3 do CONAMA.
CONCLUSÕES
O rio das Antas e o rio Taquari apresentam boa qualidade de suas águas, mas
alguns de seus rios afluentes apresentam contaminação.
O rio Tega, que drena a metade norte de Caxias do Sul causa reflexos no rio das
Antas quanto aos coliformes fecais, e possivelmente esteja carreando contaminações
com metais pesados oriundos das atividades metalúrgicas.
O rio Taquari apresenta também contaminações, especialmente
de coliformes fecais, nos trechos junto às cidades maiores como Lajeado e
Estrela.
Os parâmetros DQO e Condutividade não foram utilizados na metodologia
deste trabalho, e também não tem limites fixados na Resolução
Nº 357 / 05 do CONAMA, mas alertamos que são altas as medições
destes parâmetros no local de amostragem denominado Bom Jesus (ponte sobre
o rio das Antas). Este fato se deve ainda a presença de efluentes de uma
fábrica de celulose localizada no município de Cambará do Sul.
Esta empresa vem nos últimos anos realizando esforços para minimizar
a poluição, reformando todo o processo produtivo e já possui
tratamento primário. A lixívia bruta atualmente é reaproveitada
em empresa vizinha.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- FEPAM / DPD, 1998. Qualidade dos recursos hídricos superficiais da bacia
do Guaíba - subsídio para o processo de Enquadramento. Simpósio
Internacional sobre Gestão de Recursos Hídricos. Gramado.
- FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental / PRÒ-GUAIBA,
1997. Diagnóstico da poluição gerada pelas indústrias
localizadas na área da bacia hidrográfica do Guaíba.
Porto Alegre.
- LEITE, Enio.H.; COBALCHINI, Mª Salete.; SILVA, Mª Lucia C; ROESE, Ingrid
A . Rio Gravataí – RS. Qualidade atual x Enquadramento. XXIIº
Congresso Brasileiro de Engenharia Ambiental – ABES. Joinville, 2003.
- BENDATI, M.M.; SCHWARZBACH, M.S; MAIZONAVE, C.R.M.; BITTENCOURT, L.; BRINGHENTI,
M. Avaliação da qualidade da água do Lago Guaíba
(Rio Grande do Sul, Brasil) como suporte para a gestão da bacia hidrográfica.
Anais do XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental.
Porto Alegre, 2000.
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