Órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura  
Fepam
    Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler - RS   
 
  QUALIDADE AMBIENTAL - REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA


QUALIDADE DAS ÁGUAS DA BACIA HIDROGRAFICA DO RIO DAS ANTAS E RIO TAQUARI


HISTÓRICO

Os dados de qualidade das águas utilizados neste trabalho foram gerados pela Rede de Monitoramento da Fepam, em operação trimestral  desde 1993.
Posteriormente, em 2001, teve início a Rede Integrada do Pró-Guaíba, também com a participação da Fepam, Corsan e Dmae, mas neste trabalho são utilizados apenas os dados gerados pela Fepam na Rede Pró-Guaíba
As coletas e análises são realizadas pelo Departamento de Laboratório da FEPAM, e os dados são armazenados e interpretados pelo Departamento de Qualidade da FEPAM. Para interpretação dos dados foram utilizadas duas metodologias:

  • comparação com a Resolução nº 357 / 05 do CONAMA;
  • I Q A – Índice de Qualidade da Água.
DESCRIÇÃO DA ÁREA

A bacia hidrográfica do sistema Taquari-Antas situa-se na região nordeste do estado do Rio Grande do Sul, abrangendo uma área de 26.428 km2, equivalente a 9% do território estadual, e 98 municípios, inseridos total ou parcialmente. Limita-se ao norte com a bacia do rio Pelotas, a oeste e ao sul com a bacia do rio Jacuí e a leste com as bacias dos rios Caí e Sinos. Trata-se do principal afluente do rio Jacuí, maior formador do Guaíba.
O rio Taquari nasce no extremo leste do Planalto dos Campos Gerais, com a denominação de rio das Antas, até a confluência com o rio Carreiro, nas imediações do município de São Valentim do Sul. A partir daí passa a denominar-se Taquari, desembocando no rio Jacuí, junto à cidade de Triunfo. Seus principais afluentes pela margem esquerda são os rios Camisas, Tainhas e Lajeado Grande e São Marcos, e pela margem direita, os rios Quebra-Dentes, da Prata, Carreiro, Guaporé, Forqueta e Taquari-Mirim.
Devido à sua magnitude, esta bacia possui características físicas e antrópicas diferenciadas: áreas de alto índice de industrialização, áreas com predomínio de produção primária, zonas intensamente urbanizadas e riscos de ocorrência de enchentes,  entre outras. Uma das regiões mais desenvolvidas do Estado, o Aglomerado Urbano do Nordeste, encontra-se nesta bacia hidrográfica.
Os municípios integrantes desta bacia concentram 20% do PIB estadual, caracterizando-se por possuírem a base econômica voltada para um setor industrial em crescimento. Por outro lado, o Índice de Desenvolvimento Social apresentou um valor inferior à média do Estado: 0,67 contra 0, 74.
Representando cerca de 16% da população estadual, os municípios integrantes da bacia do Taquari-Antas caracterizam-se por um elevado grau de urbanização, por uma densidade demográfica de 40 hab/km2 e por uma taxa de crescimento populacional próxima à média do Estado.
O rio Taquari-Antas tem suas nascentes nos municípios de Cambará do Sul, Bom Jesus e São José dos Ausentes, numa região de baixa densidade populacional, onde predomina a criação extensiva de gado. Esta paisagem começa a se transformar na altura de Antônio Prado, onde predomina a pequena propriedade com utilização intensiva, já com densidades mais elevadas. O trecho mais significativo em termos de uso e ocupação do solo está compreendido entre os municípios de Antônio Prado e Veranópolis, concentrando 50% da população e 57% das indústrias da bacia. Quanto ao uso agrícola, destacam-se em área cultivada as bacias de drenagem dos rios Carreiro, Forqueta e das Antas, predominando as culturas de milho e soja. Além destas culturas, o arroz também é cultivado nas partes mais planas, ao sul da bacia.
 A área ocupada por uma ampla variedade de cultivos agrícolas é maior do que um milhão de hectares, gerando problemas relativos à utilização de agrotóxicos e adubos químicos, aos processos erosivos, com conseqüente aumento da turbidez, e ao assoreamento. A análise dos solos da bacia demonstra fortes limitações quanto aos aspectos pedológicos para o desenvolvimento da agricultura de forma mais intensa, tais como restrições quanto à fertilidade e às variações na profundidade do perfil, limitações ligadas ao relevo ou à drenagem e alto risco de erosão.
Em 1993, haviam 8.123 indústrias na bacia do Taquari-Antas, destacando-se os ramos de vestuário e artefatos de tecidos, metalúrgica, madeira, produtos alimentares, mobiliário, calçados e minerais não metálicos.
Conjugando parâmetros climáticos e geomorfológicos, pode-se dividir esta bacia hidrográfica em três sub-áreas: Depressão Central, com temperaturas mais elevadas (subtropical); Campos de Cima da Serra, com temperaturas mais baixas (temperado); Encosta e Serra do Nordeste, onde ocorre a transição entre os climas subtropical e temperado.
Quanto à vegetação, a bacia do rio Taquari-Antas apresenta quatro regiões fitoecológicas associadas à Mata Atlântica e consideradas como zona de transição: Savana, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Decidual e Áreas de Tensão Ecológica. Ainda podem ser observados diversos ambientes onde a vegetação natural encontra-se em satisfatório nível de preservação, localizados nas encostas íngremes dos vales, de difícil acesso e impróprios a práticas agrícolas. Os locais mais preservados acham-se representados por dez unidades de conservação correspondentes a 16.000 ha, sendo a mais importante a do Parque Nacional dos Aparados da Serra, no município de Cambará do Sul.
Hidrologicamente, pode ser caracterizada por regimes torrenciais, de escoamentos superficiais rápidos e bruscas variações de descargas, por apresentar declividade média elevada, rede de drenagem densa com tendência radial, pouca cobertura vegetal, pouca profundidade e baixa permeabilidade dos solos.
A vazão média do rio Taquari, medida em Muçum, durante o período de 1940 a 1982, foi de 321 m3/s. As descargas máximas observadas atingiram valores na ordem de 10.300 m3/s, enquanto as mínimas estiveram entre 10 e 20 m3/s.
As grandes flutuações de vazão são subseqüentes à ocorrência de chuvas contínuas, distribuídas em áreas extensas da bacia, concentrando rapidamente grandes volumes de água, que se propagam com velocidade rio abaixo. Durante as cheias de setembro de 1967, por exemplo, os picos de enchentes em dois postos distantes 380 Km um do outro, ocorreram com intervalo inferior a 24 horas.
O efeito de remanso provocado pela elevação do nível do rio Jacuí a partir do delta para montante agrava os problemas de cheias  nas áreas de baixa declividade, ocasionando prejuízos consideráveis à agricultura e ao sistema viário. A zona urbana dos municípios do baixo Taquari, especialmente Lajeado e Estrela, foi inundada em cinco ocasiões nos últimos dez anos, acarretando enormes prejuízos à economia e à infra-estrutura urbana dessas cidades.
De acordo com as características geomorfológicas e hidrológicas, a bacia do Taquari-Antas pode ser dividida em três trechos distintos:

  • O primeiro trecho está compreendido entre as nascentes e a foz do rio Quebra-Dentes, corre na direção leste-oeste, perfaz 183 Km de extensão, com uma declividade média de 4,8 m/km, caracterizando-se por possuir  declividade acentuada, com rios encaixados e muitas corredeiras.
  • O segundo trecho, compreendido entre a foz do rio Quebra-Dentes e a foz do rio Guaporé, tem a direção predominante nordeste-sudoeste, com uma extensão de 207 km e uma declividade média de 1,6 m/km, caracterizando-se por uma declividade menos acentuada, mas ainda apresentando vales encaixados e algumas corredeiras.
  • O último trecho, já com denominação de Taquari, começa na foz do rio Guaporé e termina na confluência com o rio Jacuí, seguindo a direção predominante norte-sul e apresentando uma extensão de 140 Km e uma declividade média de 0,2 m/Km. Caracteriza-se como um rio de planície, com pouca declividade e raras corredeiras.

Usos da água
Em relação aos usos da água, destacam-se o abastecimento público, o abastecimento industrial, a irrigação, a dessedentação de animais, a navegação comercial, a recreação, a pesca comercial e a geração de energia elétrica. Os principais usos consuntivos são os seguintes, por ordem de importância: irrigação, concentrada no primeiro trimestre do ano, abastecimento público doméstico a partir de águas superficiais e subterrâneas e dessedentação de animais.
Abastecimento doméstico
É realizado predominantemente pela CORSAN, com captações em águas superficiais e subterrâneas, atendendo uma população de cerca de 750.000 pessoas em 62 municípios, em 1996. O município de Caxias do Sul possui sistema independente de responsabilidade do SAMAE, autarquia municipal que atende cerca de 95% da população urbana. Nos demais municípios, a água é obtida de aqüíferos, sendo os poços operados pelas municipalidades.
Nesta bacia encontram-se 11 pontos de captação de água superficial para abastecimento público, sendo 2 no rio Taquari e os demais distribuídos em arroios e barragens.
Abastecimento Industrial
As águas dos recursos hídricos da bacia são utilizadas por indústrias da região para refrigeração, lavagem, enxaguadura e, em alguns casos, para beneficiamento de alguns produtos.

Diluição de Efluentes

Os rios e arroios da bacia servem como corpo receptor e via de transporte de efluentes das mais variadas origens. Dentre estes, incluem-se os despejos domésticos, na grande maioria dos casos sem tratamento, os despejos industriais, as águas pluviais de drenagem urbana, as lixívias de depósitos de resíduos sólidos e as águas de drenagem rural, incluindo lavouras, plantios diversos e criação de animais.
Destaca-se nesse contexto a carga orgânica gerada por parte da cidade de Caxias do Sul, município com a maior população urbana na bacia.
As indústrias que mais contribuem com carga orgânica estão situadas nos municípios de Cambará do Sul, Bento Gonçalves, Marau, Veranópolis e Garibaldi, e as que mais contribuem com carga inorgânica, nos municípios de Farroupilha, Encantado, Caxias do Sul e Bento Gonçalves. No município de Cambará do Sul é importante salientar a influência da contribuição da fábrica Celulose Cambará.
Em 1996, apenas 16 municípios estavam com processos de licenciamento para sistemas de disposição final de resíduos sólidos na FEPAM. Quando o lixo não é coletado, queimado ou enterrado, é jogado em terreno baixo ou diretamente em cursos d’água, comprometendo seriamente sua qualidade.
A tabela 1 apresenta as cargas orgânicas (DBO) e as cargas inorgânicas (DQO), especificando as respectivas origens (domésticas ou industriais), bem como a carga metálica (cromo, ferro total e níquel) e a carga de cromo, segundo FEPAM/GTZ-1997.
A Carga Bruta representa a carga poluidora potencial, sem considerar a existência de qualquer sistema de tratamento de efluentes. A Carga Remanescente apresenta os valores de carga poluidora que efetivamente são lançadas nos corpos hídricos após passarem pelos sistemas de tratamento de efluentes em operação nas indústrias. Estes dados de Cargas Remanescentes foram obtidos junto ao Sistema de Automonitoramento - SISAUTO, do Serviço de Diagnóstico e Avaliação da Poluição Industrial (SEDAPI - FEPAM) utilizando laudos de análises químicas dos efluentes das indústrias.

Parâmetro Carga Bruta Carga Remanescente % de redução
DBO industrial 19.565 6.220 68 %
DBO doméstica 16.659 - -
DQO industrial 46.466 16.207 65 %
DQO doméstica 49.976 - -
Carga metálica 124,63 26,07 79 %
Cromo 92,9432 11,1503 88 %
Tabela 1 - Carga drenada para a bacia do Taquari-Antas (FEPAM/GTZ, 1997)  (Unidade : ton / ano)

As tabelas 2 e 3 representam as cargas poluidoras geradas pelos municípios de Caxias do Sul e Farroupilha. Como estes dois municípios estão em um divisor de águas, apenas uma parte da carga é lançada na bacia do Taquari-Antas, enquanto outra parte é lançada na bacia do rio Caí.

Parâmetro Carga Bruta Carga Remanescente
DBO industrial 2.720 929
DBO doméstica 6.419 -
DQO industrial 6.119 2.344
DQO doméstica 19.258 -
Carga metálica 84,31 32,15
Cromo 37,8757 13,7663
Tabela 2 - Carga gerada no município de Caxias do Sul (FEPAM/GTZ, 1997) (Unidade : ton / ano)

Parâmetro Carga Bruta Carga Remanescente
DBO industrial 566 80
DBO doméstica 1.041 -
DQO industrial 1.236 289
DQO doméstica 3.123 -
Carga metálica 8,06 3,42
Cromo 2,3423 1,2060
Tabela 3 - Carga gerada no município de Farroupilha (FEPAM/GTZ, 1997) (Unidade: ton / ano)

Recreação e Turismo

Esta bacia desempenha um papel importante relacionado ao turismo, tanto do ponto de vista contemplativo, como para o desenvolvimento de práticas esportivas. Vários pontos dos rios são usados como balneários, para a prática de canoagem e áreas de camping. Os rios mais utilizados são os da Prata, Santa Rita, das Antas e Taquari.

Pesca Comercial

É importante salientar a existência de pesca comercial no rio Taquari, a partir da cidade de mesmo nome até sua foz.

Produção de Energia

O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros com maior carência de energia elétrica, apesar de possuir um grande potencial ainda não utilizado, principalmente nas bacias do Uruguai e Taquari-Antas. A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) desenvolveu estudos para inventariar os potenciais hídricos passíveis de aproveitamento para geração de energia elétrica na bacia do Taquari-Antas, identificando 57 aproveitamentos de pequeno porte, mais adequados as suas características geomorfológicas, pedológicas e hidrológicas.
Irrigação
A irrigação é realizada com mais intensidade nas regiões de várzeas existentes ao longo do baixo Antas, a partir de Muçum, e do Taquari, destinada ao cultivo de arroz e hortigranjeiro.

Dessedentação de animais

A pecuária desenvolvida na região está relacionada aos rebanhos bovinos e à criação de aves. A população calculada em equivalentes bovinos é de 958.749 animais, com um consumo médio de 0,58 m3/s durante todo ano.

Navegação

A navegação comercial é desenvolvida com intensidade desde Muçum até a foz do Taquari, em uma extensão de 148 km, havendo três portos públicos neste trecho: Taquari, Mariante e Estrela. Entre estes terminais portuários destaca-se o de Estrela, pelo volume de carga movimentado e área de influência. Os principais produtos movimentados são grãos e farelos, adubo, carvão, óleos vegetais, areias e seixos rolados para construção civil, havendo intenso intercâmbio com o porto de Rio Grande, tanto para exportação, quanto para importação inter-regional.
Através do represamento da barragem de Bom Retiro do Sul, é assegurado o calado de 2,5 m até o entroncamento de Estrela. O “Plano Hidroviário do Estado” prevê a garantia deste calado até Muçum, através da construção de mais duas barragens, uma em Arroio do Meio e outra em Roca Sales.

Outros Usos

Os cursos d’água da bacia servem ainda a outros usos, tais como a preservação ou conservação do equilíbrio das comunidades aquáticas, também relacionado com a pesca comercial e esportiva, e a harmonia paisagística, pelo embelezamento cênico proporcionado pela presença dos corpos d’água como elementos integrantes da paisagem, ressaltando-se a existência de inúmeras cachoeiras.

METODOLOGIA

Para interpretação dos dados foram utilizadas duas metodologias:

  • comparação com a Resolução nº 357 / 05 do CONAMA;
  • I Q A – Índice de Qualidade da Água.

Para interpretação dos dados comparando com a Resolução nº 357 / 05 do CONAMA, foram utilizados os parâmetros oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e coliformes termotolerantes, com representações gráficas das concentrações médias anuais, e gráficos das freqüências das Classes do Conama, para estes parâmetros em cada local de amostragem ao longo do período monitorado.
Serão utilizados também gráficos dos metais pesados as respectivas freqüências das Classes do Conama.
O Índice de Qualidade da Água – IQA utilizado é uma adaptação do IQA desenvolvido pela NSF – National Sanitation Foundation. São apresentados gráficos das médias anuais de IQA para cada local monitorado. A adaptação do IQA foi realizada por técnicos da Fepam, Corsan e Dmae quando da implantação da Rede Integrada de Monitoramento do Rio dos Sinos (1990-1996), através do Comitesinos.

LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM 

A Rede de Monitoramento do rio Taquari-Antas tem freqüência trimestral.

RIO TAQUARI  /  RIO das ANTAS

CÓDIGO COORDENADAS LOCALIZAÇÃO

TA 004

S     29°  55’  45,2”
W   51°  43’  50,4”

Foz do Taquari, Triunfo

TA 077

S     29°  30’  41,9”
W   51°  58’  47,5”

Jusante Estrela/Lajeado

TA 133

S     29°  13’  35,1”
W   51°  51’  06,4”

Encantado

TA 196

S     29°  05’  18,8”
W   51°  38’  17,0”

Foz do arroio Pedrinho, Bento Gonçalves/Cotiporã

TA 265

S     29°  03’  27,1”
W   51°  23’  45,2”

Jusante foz dos arroios Tega e Biazus

TA 275

S     29°  00’  45,2”
W   51°  22’  00,5”

Balsa N.Roma / N.Pádua

TA 451

S     28°  48’  03,3”
W   50°  25’  47,5”

Ponte para Bom Jesus

TA 491

S     28°  47’  00,9”
W   49°  58’  54,9”

Nascentes, São José dos Ausentes

Quadro 1 – Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas do Rio das Antas e Rio Taquari – RS

QUALIDADE DAS ÁGUAS

IQA – ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

O IQA adotado utiliza as seguintes faixas de qualidade:

NOTA CONCEITO
0 a 25 Muito Ruim
26 a 50 Ruim
51 a 70 Regular
71 a 90 Boa
91 a 100 Excelente
Tabela 1 ? Faixas do Índice de Qualidade das Águas ? IQA, adotado pelo NSF-National Sanitation Foundation.

O trecho superior do rio das Antas, das nascentes até Bom Jesus, apresenta qualidade nas faixas “Regular” e “Boa”.
O trecho médio do rio das Antas, de Nova Roma até jusante da foz do arroio Pedrinho,  situa-se nas faixas “Regular” e “Boa”.
O trecho inferior, denominado de rio Taquari, de Encantado até a foz, possui qualidade na faixa “Regular”, alcançando eventualmente a faixa “Boa” nestes locais.


Figura 1 – Índices de Qualidade das Águas - IQA, valores anuais dos locais de monitoramento do Rio das Antas e do Rio Taquari - RS.

Concentrações de Oxigênio Dissolvido

O rio das Antas e o Rio Taquari apresentam boas condições de oxigenação, com predominância da Classe 1.
As medias anuais no rio das Antas variam de 7,0 a 9,0 mg/L, superiores as médias encontradas no rio Taquari, onde no trecho final as médias são em torno de 6,0 e 7,0 mg/L.
O rio das Antas é um rio de leito rochoso, com muitas corredeiras e águas frias, e sem grandes cidades próximas de suas margens, fatores estes que favorecem a oxigenação e depuração das águas.
Devido à estiagem de 2006, os resultados parciais das concentrações médias estão mais baixos que as demais.
Nota-se também nos últimos anos uma queda nas concentrações médias de oxigênio no trecho superior do rio das Antas, compreendido entre São José dos Ausentes e Nova Roma.


Figura 2- Freqüências das Classes de Oxigênio dissolvido.


Figura 3 – Concentrações médias anuais de Oxigênio Dissolvido.

Concentrações de DBO

O Gráfico indica que as concentrações de matéria orgânica no rio das Antas e no rio Taquari estão predominantemente na Classe 1 do CONAMA.
O trecho correspondente ao rio Taquari apresenta médias anuais mais elevadas do que o rio das Antas, mas ainda dentro do limite da Classe 1, exceto em alguns anos de forte estiagem.
As boas condições de oxigenação (vide item Concentrações de Oxigênio Dissolvido) favorecem a depuração da matéria orgânica, especialmente no rio das Antas, porém o rio Taquari tem menor velocidade e menos corredeiras.


Figura 4 – Freqüências das Classes de DBO.


Figura 5 - Concentrações médias anuais de DBO.

Concentrações de coliformes termotolerantes

O trecho superior (São José dos Ausentes e Bom Jesus) vem apresentando concentrações médias anuais em torno de 1.000 nmp/100mL.
No rio Taquari, os locais de amostragem de Santa Teresa, Encantado, Roca Sales, Lajeado e Estrela também apresentam resultados nas Classes3 e 4, pois as cidades citadas estão localizadas próximas das margens do rio Taquari.
No Trecho do rio Taquari as médias anuais são mais elevadas, mas nos últimos anos tem se mantidos inferiores a 4.000 nmp/100 ml. Estas médias mais elevadas se devem a presença das cidades próximas das margens. O rio das Antas, devido a sua topografia onde as margens são de grande declividade, não apresenta cidades próximas de suas margens.
As concentrações de coliformes fecais encontradas no rio das Antas e no rio Taquari são bem inferiores às concentrações encontradas nos rios Gravataí e Sinos, localizados na região metropolitana de Porto Alegre.


Figura 6 - Freqüências das Classes de coliformes termotolerantes.


Figura 7 - Concentrações médias anuais de coliformes termotolerantes.

Concentrações de metais pesados

A atual Resolução CONAMA nº 357 / 05, publicada em 18/03/2005, revoga a Resolução CONAMA nº 20/86, e nesta nova legislação os padrões de chumbo, cobre e cromo total estão agora bem mais restritivos.
Os metais cádmio, chumbo e cobre apresentam agora concentrações fora dos limites estabelecidos na atual legislação.
Estes valores acima da Classe estão tanto no trecho superior (rio das Antas desde as nascentes) como no trecho inferior (rio Taquari), o que pode indicar característica da geologia local onde predomina o basalto, mas no trecho inferior deve ser pesquisada a uma possível origem industrial em metalúrgicas da região serrana.
O chumbo é detectado desde as nascentes, e também deve ser pesquisada a possibilidade de origem industrial, mas não descartando a característica geológica.

Analisando o Gráfico 9 verificamos que as concentrações de cobre, a partir da foz do rio Tega ainda ultrapassam o limite de Classe 3. O mesmo acontece com o chumbo a partir de Estrela/Lajeado.


Figura 8 – Percentual de análises acima das Classes 1 e 2 do CONAMA.


Figura 9 - Percentual de análises acima da Classe 3 do CONAMA.

CONCLUSÕES

O rio das Antas e o rio Taquari apresentam boa qualidade de suas águas, mas alguns de seus rios afluentes apresentam contaminação.
O rio Tega, que drena a metade norte de Caxias do Sul causa reflexos no rio das Antas quanto aos coliformes fecais, e possivelmente esteja carreando contaminações com metais pesados oriundos das atividades metalúrgicas.
O rio Taquari apresenta também contaminações, especialmente de coliformes fecais, nos trechos junto às cidades maiores como Lajeado e Estrela.
Os parâmetros DQO e Condutividade não foram utilizados na metodologia deste trabalho, e também não tem limites fixados na Resolução Nº 357 / 05 do CONAMA, mas alertamos que são altas as medições destes parâmetros no local de amostragem denominado Bom Jesus (ponte sobre o rio das Antas). Este fato se deve ainda a presença de efluentes de uma fábrica de celulose localizada no município de Cambará do Sul. Esta empresa vem nos últimos anos realizando esforços para minimizar a poluição, reformando todo o processo produtivo e já possui tratamento primário. A lixívia bruta atualmente é reaproveitada em empresa vizinha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  1. FEPAM / DPD, 1998. Qualidade dos recursos hídricos superficiais da bacia do Guaíba - subsídio para o processo de Enquadramento. Simpósio Internacional sobre Gestão de Recursos Hídricos. Gramado.

  2. FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental / PRÒ-GUAIBA, 1997. Diagnóstico da poluição gerada pelas indústrias localizadas na área da bacia hidrográfica do Guaíba. Porto Alegre.

  3. LEITE, Enio.H.; COBALCHINI, Mª Salete.; SILVA, Mª Lucia C; ROESE, Ingrid A . Rio Gravataí – RS. Qualidade atual x Enquadramento. XXIIº Congresso Brasileiro de Engenharia Ambiental – ABES. Joinville, 2003. 

  4. BENDATI, M.M.; SCHWARZBACH, M.S; MAIZONAVE, C.R.M.; BITTENCOURT, L.; BRINGHENTI, M. Avaliação da qualidade da água do Lago Guaíba  (Rio Grande do Sul, Brasil) como suporte para a gestão da bacia hidrográfica. Anais do XXVII  Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental. Porto Alegre, 2000.




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